Um pouco mais sobre comunicação.
- Keine Alves

- 5 de nov.
- 4 min de leitura

Seres humanos são por natureza seres comunicativos. Independente da consciência que tenhamos, ou não, a respeito desta condição ela está em nós e é essencial para as relações que cultivamos ao longo da vida, em todos os setores, tanto no campo profissional quanto no pessoal.
A vida em coletivo faz parte da natureza humana e mesmo sem perceber cada um de nós realiza diariamente muitas interações. Estas interações podem ter muitos formatos, mas falando de um ponto de vista onde a área é muito mais ampla, posso afirmar que existe uma lógica comunicativa e pressuposta na interação humana.
Essa com certeza está ligada de maneira direta ao processo de realização da comunicação tornando o outro compreensível ou não. Quando falamos de comunicação interpessoal, seja ela de qualquer ordem, sempre estamos nos referindo a um fluxo de informações que flui a partir de um conjunto de elementos, mas em geral esquecemos dos elementos centrais e mais importantes desse sistema que são o emissor e o receptor, eles são representados por pessoas nessa lógica, ou também por grupos, o essencial de que não podemos perder de vista é que existe uma mensagem a ser transmitida de um lado ao outro de forma humana e essa tal lógica é a responsável pelo êxito.
É importante lembrar que essa comunicação nunca flui em um único sentido, no qual somente é transmitida uma mensagem por um dos lados, se isso acontecer, podemos começar a entender na prática a diferença entre o verbo falar e o verbo comunicar e a falha da lógica aqui empregada.
Num processo rápido e espontâneo, porém complexo, que funciona através de trocas constantes, assim como uma via de mão dupla. Existe uma troca entre as duas partes, há um movimento de ida e volta de informação, independentemente de sua qualidade este movimento existe e é parte essencial do processo de comunicação e sem ele, pode ser qualquer outra coisa, menos comunicação.
Se notarmos a forte institucionalização do meio econômico que vem acontecendo na história humana e observarmos diretamente suas consequências nas interações sociais, veremos uma acentuação na eliminação do outro como consequência de um processo de comunicação falho, pois mesmo sabendo que individualmente cada sujeito é orientado dentro do sistema para uma visão de sucesso que em geral é pautada por ideias como competitividade e crescimento, está condição externa imposta acaba por comprometer as outras qualidades essenciais que estão previstas nessa lógica para garantir uma boa comunicação.
Nessa condição, passa-se a valorizar excessivamente a utilidade individual no contexto, que é fortalecida por medidas qualitativas, maniqueístas e que acabam por afastar o indivíduo do coletivo em sua busca por reconhecimento e status. Contudo, o foco das interações humanas vão ser perdendo, em especial no seu caráter essencial de relação humana e passam a se transformar, de uma lógica coletiva para uma lógica competitiva que exclui e submete o outro a uma baixa posição na escala imaginária da escassez humana.
Com esta visão sendo compartilhada e praticada pela maioria dos membros deste sistema, chegamos, portanto, a comprometer finalmente a forma de como a comunicação é realizada. As ações comunicativas passam a carregar estes novos valores que nem sempre são virtuosos e acabam desta forma perdendo parte importante de sua natureza primária, que é a da troca, da reciprocidade, de um entendimento mútuo que contribui para uma compreensão conjunta de cada mensagem transmitida no processo comunicativo.
Isso interfere de modo significativo na qualidade do diálogo e na forma como as pessoas se relacionam, podendo inclusive tornar algumas interações muito mais mecânicas, instrumentais e superficiais e consequentemente resultados muito aquém do esperado.
Olhando ainda mais para medida do sucesso individual que tanto é enaltecida em nossos tempos e que pressupõe que alguém esteja em situação superior para que o outro possa formar essa condição, não se torna fácil admitir que é difícil compreender que as interações nos ambientes sejam fracas e diminutas.
A relação direta com a perda de um fator essencial, a escuta se torna cada vez mais presente, portanto, cada vez mais podemos observar que à medida que interagimos em geral a tendência é ninguém escutar ninguém, se tem dúvidas, faça o exercício, fique como observador de forma atenta.
Isso ocorre quando o objeto da interação já está determinado por uma só parte e antes de se iniciar esse processo, formamos uma condição interativa que deixa cada lado que estará jogando não em conjunto com o outro, mas contra, ou ao menos separadamente, com isso o processo perde sua base.
Na comunicação há por essência dois elementos também de extrema importância, a fala e a escuta. Se um deles não está lá por inteiro o processo é comprometido. Um meio institucionalizado pode apressar as relações e empobrecer sua troca. Assim comprometendo sua escuta, que diferente do sentido de ouvir, significa ouvir com atenção. E não é a apenas a escuta que fica comprometida, se não aprendemos a nos comunicar propriamente a expressão de necessidades se torna falha e a mensagem nem chega de forma correta ao outro lado.
Quando iniciamos, seja de forma intencional ou não, um processo de comunicação, temos como impulso uma necessidade motivadora. Esta necessidade pode ser por algo material, como por exemplo um objeto, ou algo subjetivo, como uma informação.
Em um contexto empresarial, muitas vezes essa necessidade está conectada a algo como aumento de salário, compreensão a respeito de uma ideia, troca de informações e assim passa a ser em muitos casos uma negociação, uma troca mediada na qual um dos lados quer convencer o outro da importância de sua necessidade, mesmo que em muitos casos podem haver necessidades complementares que nem se reconhecem.
Contudo uma boa questão para se pensar nesse momento é se estamos aptos a perceber esse movimento para poder agir de forma humana e lógica para seguir adiante no maior desafio humano que é a ampliação do resultados à partir de uma unificação sinérgica através da comunicação que pode potencializar muito mais do que esperamos.



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