Pensamentos & aprendizados diante de crises...
- Keine Alves

- 31 de out.
- 4 min de leitura

Esse texto tem como objetivo partilhar meus pensamentos e aprendizados empresariais e para iniciar esse movimento, faço uma pergunta: O que significa a palavra crise?
Buscando a origem, noto que essa palavra está intimamente conectada com a história da medicina, segundo antigas concepções ela se caracteriza pelo 7.º, 14.º, 21.º ou 28.º dia em que uma doença evolui, pois constitui o momento decisivo para a cura ou morte.
Portanto, na medicina trata-se do momento decisivo entre a cura e a morte. Na economia, a palavra ganha uma nova conotação a partir do século XIX, passando a indicar a transição entre um surto de prosperidade e outro de depressão ou vice-versa. Conceituando ainda a palavra, se faz importante clarear que essa foi incorporada literalmente ao vocabulário moderno do mundo dos negócios, tanto que a ouvimos várias vezes em diversas situações.
Trazendo um pouco da etimologia dessa palavra, o nome “crise” vem do latim e indica um momento de decisão, de mudança súbita, mas no grego “krísis” significa ação ou a faculdade de distinguir, uma decisão de momento e difícil de ser feita, dessas que exige um julgamento, um conhecimento específico, ou seja, uma ação que convém senso crítico e todo o seu alicerce para a melhor tomada.
Contudo, compreendo que a palavra crise quando associada ao mundo dos negócios, acaba por me conduzir numa definição clara de que seu significado é de uma situação de difícil tratativa, que necessita de uma ciência crítica a priori (que se resulta de um raciocínio cuja as definições foram dadas inicialmente) para tratativa e ou solução. De certa forma ela acontece sem ser prevista, pois em verdade a crise surge subitamente, principalmente por não sabermos como lidar de fato com tal assunto ou tema na profundidade necessária e exigida.
Feito esse preâmbulo, vale evocar o americano James Russel Lowell, que publicou num contexto sobre as vivências em crises na revista North American Review a frase de Abraham Lincoln” na data de janeiro de 1864.
“É pela presença de espírito diante de emergências que a capacidade mental inata do homem é testada.”
Todavia, tem-me intrigado muito a ironia e a frequência com que em geral as pessoas tendem a chamar muito mais a atenção para o erro do que para o acerto, principalmente quando o assunto é a tomada de decisão no mundo dos negócios, demonstrando claramente a falta de capacidade inata do homem como na frase acima, pois por diversas vezes o achismo domina essa posição, deixando os empresários e líderes expostos a julgo superficial no tribunal mental de cada sábio que os criticam.
Se avaliarmos, notaremos que os tais sábios analisam com maestria o que não deu certo e proferem boas receitas de bolo do que deveria ter sido feito, como se diz no jargão da engenharia, estamos diante dos engenheiros de obra pronta e o pior é quando aplicamos seus requisitos, pois verificamos na prática que os resultados não são efetivos como eles pregam que deveria de ser.
Penso que quando deixei de julgar a posteriori (se baseando no fato de forma superficial ou numa prova experimental que parte do efeito para a causa e não ao contrário) como o tal engenheiro de obra pronta, acabei me tornando alguém bem melhor na tratativa de crises, pois vejo que os sábios não são tão proficientes em analisar sucessos, pode até parece trivial, mas acredito que somente quem passa pela experiência de uma crise em seu âmbito específico se torna capaz de participar com análises e conhecimentos práticos que são desenvolvidos durante o processo de crise, gerando então a tal análise do sucesso, podendo nesse ponto contribuir verdadeiramente de forma direta na prevenção ou correção, afinal eu sou um desses tanto pelo meu passado como pelo presente.
Vivenciar uma crise estando envolvido de corpo, mente e alma nos coloca diante da virtude da coragem para aceitar as nossas vulnerabilidades, pois passamos a ter a mesma força para buscar desenvolver novas habilidades e conhecimentos, estes que até então não havíamos processados devido as condições normais de temperatura e pressão.
Transformar crises em oportunidades, não é coisa para gurus e sábios e sim para especialistas e ou empresários experientes, esses que acabaram por se desenvolver de forma prática e singular e que acabam por adquirir uma consciência que o seu desenvolvimento não tem fim.
Quem está de fora da crise cria uma maneira empírica (baseada na simples observação sem o aprofundamento necessário e possível) e acaba por julgar e avaliar ineficazmente, pois a crise não está diretamente acessível a ela, mas para quem está por dentro da situação e envolvido da forma descrita tudo pode mudar, pois acaba-se por desenvolver formas sistemáticas que profissionalizam o processo de construção de solução.
Talvez com o passar do tempo, todos passem a fazer esse caminho, mais cedo ou mais tarde, mas comigo foi assim, tudo mudou quando o meu senso de urgência foi acionado diretamente numa crise, pois ele me levou a uma estranha força que me fez reconhecer o meu momento atual, antes do que poderia ter sido, mas a necessidade de construir planos justos acabou por surgir processualmente e com isso todos os sentidos foram sendo descobertos e preenchidos para que pudesse realmente superar a dificuldade.
Portanto, não espere por milagres ou balas de prata, faça você mesmo o que tem que ser feito e no máximo, busque desenvolver as habilidades e conhecimento com quem tem experiência comprovada ou histórias próximas a sua, que será de grande valia.



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