Sou o fundador da empresa. Hoje posso dizer que tenho orgulho do que a minha empresa se tornou. Pensando no mercado e nas empresas do meu setor, percebo que chegamos a um ponto muito favorável: nós conseguimos equilibrar a flexibilidade que o mercado impõe e o controle que a empresa necessita. Com isso, o desenvolvimento da empresa é constante e crescente.
Nada é tão recompensador quanto, chegar no escritório, às segundas, com clareza do que precisa ser feito, de saber para onde quero e preciso ir além de quais são as decisões e rumos a serem tomados para concretizar a minha visão. Obviamente essa visão se transformou de forma coletiva ao longo dos anos, pois não olho para o futuro buscando um ponto de chegada e sim objetivos consistentes e coerentes para realizarmos o que realmente importa. O melhor de tudo é caminhar com a equipe e com satisfação, mas, sabemos que isso é uma longa jornada e ainda estamos em evolução.
Para chegar no estágio em que estamos hoje, muitas mudanças aconteceram. A primeira delas foi entender a importância das relações humanas. Eu me envergonho um pouco em dizer isso para você, mas eis a verdade: resultado para mim era receita menos despesa e nada mais.
Quando descobri que o que faz resultados são as pessoas, foi um choque, pois estava na minha frente o movimento e suas variações, mas eu não percebia. Valorizar o elemento humano ao invés do técnico ia contra a forma como aprendi, tanto como empresário, empreendedor e quanto administrador.
Na minha empresa, hoje, gente não é apenas mão de obra ou um simples e contraditório recurso humano. Gente é sinônimo de talento e contribuição.
Confesso que é inspirador ver como cada um se realiza quando consegue colocar em prática todo o seu imenso potencial.
Potencial que eu demorei enxergar, mas que, quando aprendi a lidar e compreendi melhor, tudo mudou. Mesmo o meu potencial como líder se revelou maior do que eu supunha. Essa foi uma grande revelação, sempre pensei que liderança era algo inato, que nascia com a gente, mas o fato é que eu descobri que liderança se aprende e eu aprendi a ser um líder melhor e consequentemente uma pessoa melhor, pois aquela ideia que somos uma pessoa no trabalho e outra em casa é realmente incoerente. Minha empresa respondeu positivamente às mudanças que iniciei, mas não foi nada fácil.
Hoje pensamos em conjunto nos clientes, nas suas demandas e necessidades, buscamos solucionar seus reais problemas, compreendendo mais seus interesses e isso é contribuir de verdade!
Não é fácil pensar que antes clientes eram um par de bolsos que caminhava e reclamava, um pedido, uma ordem de produção, uma conta para receber que nasciam da nossa fantasia infantil de imaginar o mercado.
Que transformação!
Quando encontro colegas e amigos, muitos deles, também empresários, que conheci ao longo da vida, reforço que hoje o grande ativo da minha empresa não são os imóveis, os maquinários, as plantas das fábricas, as contas bancárias e o tamanho da empresa ... e sim o "estoque" de colaboradores comprometidos e clientes fidelizados, que cultivo com alegria e entrega independente dos desafios que não são poucos.
Sem eles, as inovações que criamos e os projetos que realizamos seriam impossíveis, tenho consciência agora que uma máquina pode trabalhar bem e ser produtiva, mas não pensa e, tampouco, sente.
Pensar coletivamente é um exercício que resulta em grandes criações. Mas para que a minha equipe tivesse massa crítica e maturidade para chegar a esse tipo de relação de trabalho que temos hoje foi uma boa jornada. Precisei criar uma nova cultura. Uma cultura que estimulasse a criatividade, a ampliação da consciência e a visão de negócios de cada colaborador na empresa, pois hoje cada um sabe os impactos gerados pelo seu trabalho e tem a real dimensão do resultado necessário, que gera uma contribuição recebida e percebida pelos clientes e parceiros internos.
A minha empresa funciona hoje como um grande tabuleiro de xadrez, porque daqui em diante ela precisa de boas e rápidas articulações, compreensão dos agentes envolvidos e visão sistêmica. Antes, era como um jogo de boliche, feito de tentativa e erro, mas hoje eu sei que é preciso sentir e pensar antes de sair fazendo no impulso. Claro, eu tive que abrir mão do poder centralizado em mim para empoderar a minha equipe e isso foi uma quebra de paradigma, pois de fato e com razão eu não confiava cem por cento em todos, às vezes exigia até mais que eu mesmo conseguia, mas nem de longe isso significou "delargar11 a empresa.
Entendi que era importante abrir mão de controlar as pessoas, principalmente daqueles controles tradicionais, para controlar os resultados e o que realmente importa. E hoje na empresa, resultado é igual à equipe comprometida e cliente fidelizado. Com corpo, mente e alma da empresa cuidada, o resultado corresponde e a superação acontece.
Lá atrás, quando comecei esse processo transformador, precisei aprender a lidar com essa "tal liberdade" que a minha nova visão demandava. Cada um de nós teve que aprender a ser dono do seu próprio tempo e encontrar sua maneira de fazer as coisas sem perder a visão do resultado, mas nem todos queriam e isso também foi um desafio, pois tive que lidar com a realidade de que algumas pessoas não iriam continuar e que uma peneira natural deveria ser o caminho.
Isso só foi possível porque aprendemos a conversar para valer e criamos um consenso para estarmos bem alinhados. Todos na empresa hoje conhecem suas atividades e combinados, além de construírem conjuntamente a direção que seguimos. A partir daí, líderes e equipe realizam da melhor maneira o trabalho. As lideranças intermediárias também precisaram aprender a revelar as suas competências ou faltas, tiveram de escalar melhor time, de acordo com os combinados e pactos realizados, bem como os desafios de desempenhos propostos e os indicadores combinados.
Como não preciso mais controlar as pessoas de dentro, meu tempo hoje está voltado a cultivar as pessoas de fora e acompanhar o que realmente importa para a empresa se manter nessa etapa do ciclo de desenvolvimento. Hoje consigo ver como o aumento da autonomia das pessoas e o significado construído foi capaz de alterar o rumo das coisas, que também impulsionou a mudança para uma estrutura mais horizontalizada e sistêmica, equilibrando nossos cuidados com os processos de trabalho, resultados e indicadores.
Na confluência dessa comunicação aberta, no incentivo à participação de todos, na vivência dos nossos valores pactuados em equipe, na clareza da definição do caminho e rumos, no aprimoramento da relação interna, com o mercado e com o cliente ...
A produtividade e a criatividade surgiram para andarem juntas com o nosso objetivo coletivo de solucionar problemas e desenvolver pessoas, e é isso que vai levar a empresa além.
Estamos ávidos em continuar a nossa jornada.
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