
Como nos comportamos? Existem várias respostas a essa pergunta, não procuro a certa, mas sim uma resposta que seja aceitável e com traços universais de preferência, mas para chegar nesse ponto, questionei diversas pessoas que conheço sobre essa pergunta.
Contudo, à luz das respostas que obtive, acabei atingindo a conclusão de que muitos de nós, para não afirmar a totalidade, se comporta dentro de padrões previstos, como se estivéssemos num jogo de escolhas limitadas, onde se estabelece as situações corriqueiras e somos capazes de saber algumas alternativas que serão escolhidas, bem como, as suas consequências e pronto, como num passe de mágica, está tudo mapeado e definido.
Mas em verdade, sabemos que o mundo não é previsível dessa forma, muito menos o ser humano, mas tentamos insistentemente estabelecer respostas falsas e por incrível que pareça e mais perturbador que seja, esse padrão acontece o tempo todo, não é por acaso que as inteligências artificiais estão mapeando ora assertivamente e ora não os diversos comportamentos humanos, sempre na tentativa de decodificar formas e métricas, ou se preferir, estilos de consumo, ações de indução e tudo mais que pode ser feito ao entorno de um comportamento.
Portanto, pensar fora da caixa se torna essencial nos dias de hoje, pode até ser um exercício difícil, porém humano e fundamental para se construir diferenciais e conquistar o que realmente importa no mundo dos negócios, logo meu objetivo nesse breve texto é fazer uma reflexão fora da caixa sobre comportamentos no dia a dia de trabalho.
Cumprindo o objetivo de sair fora da caixa, vamos começar refletindo sobre a palavra “intolerância”, essa que não é frequentemente usada com uma conotação positiva no dia a dia, mesmo assim, quando se trata de estabelecer o duro processo de clareza e alinhamento a “intolerância” pode ter seu emprego de forma benéfica e se tornar uma excelente ferramenta de apoio.
Mas antes que me entendam mal, preciso aproveitar essa saída da caixa para afirmar que se dirigentes de uma empresa forem tolerantes com tudo que acontece de forma desalinhada e desconexa de suas definições, logo, eles não serão capazes de tomar uma posição firme e consequentemente a empresa se fragiliza, colocando em risco todos os seus pontos de vista e definições.
Outro ponto que podemos refletir fora da caixa é a resposta à pergunta “como nos comportamos?”.
Já sabemos que nada é tão binário, porém o nosso comportamento em tese se torna tão mutante em função de estar incorporado ao nosso sistema intrínseco de valores que nos coloca num range incalculável de comportamentos que geram ações e soluções diversas e no caso de uma empresa, não é diferente, ou seja, temos uma série de valores e significados que funcionam unicamente em cada situação e que norteiam nossos comportamentos empresariais.
Logo, podemos chegar à conclusão, que o ser humano se comporta à luz de seus valores ou a ausência deles e na empresa é da mesma forma, porém vale indicar que comportamentos virtuosos, proveniente da aplicação prática desses valores e princípios constroem o tal jeitão único, de ser e fazer excelente de cada pessoa que participa numa empresa e que por fim irão se tornar os elementos críticos e essenciais na definição da própria personalidade da empresa que irá refletir em seu atendimento, atração de clientes e de colaboradores e tudo mais.
Tenho a convicção que eu não sou o primeiro que percebeu que as empresas mais bem sucedidas no mundo aderem estritamente um conjunto de valores e princípios específicos, que buscam orientar seus comportamentos e a sua tomada de decisões ao longo do tempo, preservando assim, a essência da empresa e o melhor que tem nela, ou seja, o seu comportamento empresarial que constrói as condições necessárias para que ela avance no mercado em destaque.
Contudo, sabemos a importância dos valores e princípios para estabelecer a clareza das ações e permitir com que os membros da empresa se relacionem saudavelmente e construam os resultados que tanto almejamos como pessoas de negócio, mas pensando fora da caixa novamente, tenho uma curiosidade enorme em relação ao processo posterior da definição de carta de valores quando realizado a primeira vez, pois grande parte deles tendem a perder a importância necessária.
Procurei investigar o que realmente acontece com o processo de disseminação e vivência, pois de fato ele entra numa tendência de baixa, descaso e fracasso e o primeiro ponto que percebi ao longo do tempo observando a dinâmica é que as pessoas em geral, não na sua totalidade, envolvidas, entendem que tudo funciona como um passe de mágica, se define os valores e pronto, todos vão vivenciá-los da noite para o dia, isso mesmo, da mesma forma que comentei no começo desse texto.
Novamente afirmo que não é tudo binário dessa forma, existem elementos tão essenciais na construção dessa prática que não podemos terceirizar, se descuidar ou deixar de lado e temos que viver a convicção que infelizmente muitas pessoas não compreendem esse ponto de vista.
Elas precisam ser educadas, por isso o nosso papel em geral para ir além do indicado é também o de disseminar e passar a compreender ao mesmo tempo, que os valores não são como palavras simples e genéricas, que posteriormente podem ser impressas em camisetas, cartazes e sites para um papel motivador externo, com certeza é exatamente nesse ponto que começa parte do problema, pois essa redução branca, a ausência desse micro gerenciamento dos comportamentos inclusive pessoal de cada um, torna os valores algo ineficiente e desmoralizante e para piorar a tendência é transformar tal investimento de conversas e entendimentos em uma diretriz de marketing, nada eficiente e com cara de campanha passível de ser ignorada.
Como se não bastasse uma das piores consequências que já percebi é o retorno ao velho pragmatismo empresarial, me dá isso que eu te dou aquilo e assim tudo se objetifica e perde sentido e significado, a não ser a meta financeira, pois as pessoas que se envolvem começam a desenvolver outros tipos comportamentos, o baseado na ausência dos valores e a insegurança passa a reinar sobre todo esse sistema intangível que a empresa passa a representar.
Os impactos nesse caso são enormes, mas de difícil correlação, pois como tudo ficou de fora do alcance o jeito mais fácil de se justificar será o momento do mercado, a crise que se estabelece e uma série de desculpas verdadeiras que passam a surgir comprometendo tudo ao entorno e com isso a desestabilização se torna um fato levando muitas vezes a conclusão intrínseca dos principais executivos de uma empresa que valores é para abraçar árvore e não para fazer o resultado acontecer, mas de fato não se percebe as pequenas sabotagens do dia a dia.
Quantas vezes estamos desatentos em relação aos nossos valores, ou que falamos uma coisa e fazemos outra com as velhas desculpas, quantas vezes deixamos uma reunião importante que todos concordam e função de um outro acontecimento ou vontade de cliente alheio, todos esses são exemplos práticos que podemos perceber de nossa sabotagem no dia a dia.
Com isso posto, precisamos nos atentar, pois, se os comportamentos podem ser norteados pelos valores nada melhor que viver os valores de forma constante, dia a dia, não podemos construir uma definição em consenso com toda a empresa e utilizá-lo somente quando nos convém, afinal valores é para qualquer um, mas não é qualquer um que consegue vivê-lo como se deve, pois os mesmos servem para orientar todos os aspectos de uma empresa, desde a contratação e demissão até o gerenciamento de estratégia de desempenho e a captação e tratativa com clientes por isso a prática da intolerância pode ser essencial nesse processo como um todo.
Líderes precisam viver e encorajar todos os seus a defender e viver o comportamento virtuoso, mesmo em raras ocasiões.
Outro ponto que precisamos clarear muito é que os processos ao entorno da definição e percepção de um sistema de comportamentos não é científico, mas ainda assim, se torna a única maneira confiável de prover ações e informações aos líderes e liderados em sua investigação sobre os elementos essenciais na construção de resultados a partir de comportamentos e consequentemente do processo de formação de cultura de uma empresa.
Líderes e liderados precisam ser sinceros sobre si mesmos e conseguir discernir se são capazes ou não de incorporar e cultivar valores virtuosos em um conjunto de proposição única e para que isso aconteça é necessário sair da caixa e não só pensar, mas sentir e agir fora dela.
Isso constrói a alma da empresa, algo intangível e que é capaz de formar o melhor que a empresa pode gerar, já pensou como seria a sua vida profissional fora da caixa? Se não pensou, chegou a hora de começar por aqui, afinal, como você tem se comportado?
Keine Alves
Líder educador e pesquisador
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