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O ressentimento na filosofia de Nietzsche e seu impacto nas empresas no século XXI

Foto do escritor: Horus MentoriaHorus Mentoria

Friedrich Nietzsche, um dos filósofos mais influentes da modernidade, desenvolveu o conceito de ressentimento para explicar uma atitude emocional de revolta desequilibrada contra a realidade.

Para Nietzsche, o ressentido não enfrenta os desafios da vida de maneira proativa, mas sim por meio da negação, da inveja e da culpabilização do outro. Esse ressentimento se manifesta na moral dos fracos, na inversão de valores e na vitimização.

No contexto corporativo, o ressentimento muitas vezes passa despercebido, tornando-se uma barreira significativa para o crescimento das empresas. Quando indivíduos ressentidos fazem parte de um time, a convivência se torna improdutiva, especialmente em equipes que exigem colaboração.

Um grupo contaminado por esse sentimento tende a se fechar, alimentando ciclos de desconfiança, onde reclamações e frustrações tomam o lugar da transparência e do diálogo produtivo.

Esse ambiente não apenas mina a colaboração, mas também enfraquece a competitividade da empresa, tornando-a vulnerável no mercado. Afinal, em um cenário capitalista, diferenciação, crescimento e inovação são fundamentais para a sobrevivência de qualquer organização.

 O velado no velado é o esconderijo do ressentimento

O ressentido não se esconde dos outros, mas de si mesmo. Ele não suporta a ideia de confiar, de se entregar ao trabalho com excelência, pois isso exige maturidade e disposição para se arriscar.

Para ele, a desconfiança se torna sua principal aliada, e sua visão gira em torno de "o que eu ganho" em vez de "o que podemos construir juntos". Seu pensamento está direcionado para uma fantasia onde todos querem tirar vantagem de si.

Seu maior medo não é o fracasso, mas a entrega excelente e acima do esperado, sabemos que é contraditório, mas é exatamente assim que seu medo se manifesta.

Quanto mais puder acumular para si, melhor, pois enxerga o sucesso apenas na vantagem imediata, e não na criação coletiva de valor.

Essa imaturidade emocional se propaga de maneira silenciosa e corrosiva dentro das empresas. Ressentidos atraem outros ressentidos e conta com outras participações, criando um ambiente forte de desconfiança, sabotagem e mediocridade.

Assim, a inovação é sufocada, a produtividade cai e o verdadeiro potencial da empresa é comprometido. A incapacidade de estabelecer um ambiente de confiança e propósito coletivo coloca toda a organização em risco, reduzindo sua capacidade de se diferenciar e competir de maneira saudável no mercado.

A experiência no campo revela a prática do ressentimento

Durante anos conduzindo encontros em diversas empresas, pude observar como o ressentimento se infiltra nas dinâmicas organizacionais. Em uma dessas experiências, após dois dias de trabalho intenso em um grupo de líderes, na última meia hora de uma formação de consenso para definir um norte estratégico, o ressentimento emergiu.

A disputa tomou conta da sala. Todo o progresso construído foi colocado à prova. Os valores que haviam sido estabelecidos de forma consensual e participativa foram colocados a prova, não por argumentos racionais, mas pela incapacidade do grupo de superar pequenas rivalidades e frustrações acumuladas.

Por mais incrível que possa parecer, o ressentimento destruiu a coesão do time, fazendo com que ele se fragilizasse diante de pequenas adversidades.

Foi um momento revelador, frustrante, mas de grande aprendizado e valia para todos, pois por mais que tentassem depois amenizar o fato, suas consciências estavam falando mais alto e demonstrando a amargura vivenciada.

O ressentimento, quando não reconhecido e tratado, pode destruir qualquer avanço e minar qualquer conquista. Nesse caso, ele funciona como um vírus que fragiliza a estrutura da empresa, impedindo sua cooperação e crescimento.

Esse sentimento se esconde nas entrelinhas das relações profissionais, nos silêncios das reuniões e nas hesitações diante de grandes decisões estratégicas que precisam ser colocadas a prova.

 Qual a saída?

A superação do ressentimento no ambiente corporativo exige decisões firmes e estratégicas. Em primeiro lugar, é fundamental criar uma cultura organizacional baseada na transparência, onde frustrações possam ser discutidas abertamente e resolvidas com maturidade.

O ressentimento surge onde há falta de diálogo honesto e, para ser dissipado, é necessário um compromisso genuíno com a construção coletiva. Líderes devem identificar e intervir nos focos de ressentimento antes que eles se alastrem e enfraqueçam a estrutura da empresa.

Além disso, a valorização do coletivo precisa ser superior ao culto ao indivíduo, pois muitas empresas apostam em talentos individuais, mas um único gênio ressentido pode ser mais prejudicial do que um time unido e comprometido.

É preciso lembrar que um triste fim pode ser melhor do que uma tristeza sem fim.

Se, após todos os esforços para integrar um colaborador ao grupo, ele continua propagando ressentimento, talvez seja o momento de tomar decisões difíceis. Um time alinhado em valores pode produzir muito mais do que um indivíduo excepcional que carrega ressentimento e frustrações e vamos lembrar que competências podem ser desenvolvidas.

Empresas que desejam se diferenciar e prosperar precisam ter coragem para enfrentar essas questões de maneira firme, assertiva e coerente. O ressentimento, se não combatido, se torna um câncer organizacional, minando a energia da equipe e impedindo a inovação e a evolução.

Criar um ambiente onde as pessoas confiem umas nas outras e se entreguem ao propósito comum não é uma tarefa fácil, mas é um investimento essencial para o futuro da empresa.

O sucesso empresarial não está apenas no crescimento financeiro, mas na capacidade de construir times fortes, confiantes e preparados para encarar os desafios do mercado com clareza e determinação.

Entretanto, o ressentido não é o único personagem que enfraquece a cultura organizacional. Existem outras figuras silenciosas que, quando negligenciadas, comprometem ainda mais o ambiente corporativo. Quem são elas? Como identificá-las e neutralizar seus impactos? Esse será o tema do nosso próximo artigo, onde exploraremos essas dinâmicas ocultas e os caminhos para fortalecer a empresa contra forças invisíveis que minam seu crescimento.

 

Keine Alves

Líder educador e pesquisador

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